segunda-feira, 11 de julho de 2011

A certeza não é o contrário da dúvida, cheguei a essa conclusão ouvindo um dos muitos casos que capturo nas horas mensais que passo no ônibus, prestando atenção nas conversas alheias.Pois bem, estava eu, sentada numa apertada poltrona, quando duas meninas começaram a conversar sobre o assunto mais badalado na adolescência, na velhice, na maturidade: o amor! Uma delas dizia que queria um companheiro para a vida toda, queria ter filhos, uma casa, cachorros, viver num comercial de margarina. Já a outra queria ser independente, cuidar de sua aparência, viajar por todo o mundo e ter mil namorados, conhecer o amor só de passagem. A primeira perguntou se a outra não tinha medo da velhice, de ficar sozinha, morrer a míngua, e ela respondeu que não, seu maior medo era ser trocada depois dos 50 anos por uma de vinte, com silicone, bunda empinada e tudo mais,pelo menos a solidão para ela seria uma opção. Então, diante desse impasse, fiquei me perguntando, qual seria o papel do amor para a vida de alguém? Amor está muito além de partilha, de companhia, de sexo, de experiência. O amor é um sentimento que se encontra única e exclusivamente no interior de cada ser. Esta dúvida e esse medo de não se ter alguém para amar é algo tão subjetivo! E justamente por isso nunca pode ser puro. Porque nunca basta amar alguém, queremos uma correspondência, queremos a perfeição platônica, queremos uma garantia, quase uma troca. Então, mais uma vez caí em pura angústia. A primeira menina quer uma certeza, mas vive em infinita dúvida por não saber o que se passa naquele que deveria ser parte de si mesma. Já a outra busca não se prender a nada e a ninguém, uma certeza que não se pode ter, porque o amor é algo universal, brota no mais árido sertão. Então, por que não deixar de lado os rótulos e começar a enxergar a contradição essencial do mundo e suas relações? Dúvida é complemento da certeza, onde uma está, a outra também sempre estará. Eu tive vontade de entrar na discussão, tive vontade de narrar experiências escassas dos meus míseros vinte anos, mas me faltou muita certeza e pouca dúvida.

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