Destaque à beleza, às preocupações e às ações do homem, ora autêntico, ora inautêntico.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Tulipa Ruiz - "Às Vezes" - Trama/Radiola 24/11/08
Está tudo muto quieto, no lugar onde estou tem passarinho, fogão a lenha, lagoa, pastel de fubá... E muita "Tulipa Ruiz", que é nota dez!
segunda-feira, 11 de julho de 2011
A certeza não é o contrário da dúvida, cheguei a essa conclusão ouvindo um dos muitos casos que capturo nas horas mensais que passo no ônibus, prestando atenção nas conversas alheias.Pois bem, estava eu, sentada numa apertada poltrona, quando duas meninas começaram a conversar sobre o assunto mais badalado na adolescência, na velhice, na maturidade: o amor! Uma delas dizia que queria um companheiro para a vida toda, queria ter filhos, uma casa, cachorros, viver num comercial de margarina. Já a outra queria ser independente, cuidar de sua aparência, viajar por todo o mundo e ter mil namorados, conhecer o amor só de passagem. A primeira perguntou se a outra não tinha medo da velhice, de ficar sozinha, morrer a míngua, e ela respondeu que não, seu maior medo era ser trocada depois dos 50 anos por uma de vinte, com silicone, bunda empinada e tudo mais,pelo menos a solidão para ela seria uma opção. Então, diante desse impasse, fiquei me perguntando, qual seria o papel do amor para a vida de alguém? Amor está muito além de partilha, de companhia, de sexo, de experiência. O amor é um sentimento que se encontra única e exclusivamente no interior de cada ser. Esta dúvida e esse medo de não se ter alguém para amar é algo tão subjetivo! E justamente por isso nunca pode ser puro. Porque nunca basta amar alguém, queremos uma correspondência, queremos a perfeição platônica, queremos uma garantia, quase uma troca. Então, mais uma vez caí em pura angústia. A primeira menina quer uma certeza, mas vive em infinita dúvida por não saber o que se passa naquele que deveria ser parte de si mesma. Já a outra busca não se prender a nada e a ninguém, uma certeza que não se pode ter, porque o amor é algo universal, brota no mais árido sertão. Então, por que não deixar de lado os rótulos e começar a enxergar a contradição essencial do mundo e suas relações? Dúvida é complemento da certeza, onde uma está, a outra também sempre estará. Eu tive vontade de entrar na discussão, tive vontade de narrar experiências escassas dos meus míseros vinte anos, mas me faltou muita certeza e pouca dúvida.
Desde criança divido tudo em três partes: a da esquerda é sempre boa, a direita é ruim, e a do meio é multifacetada, especial. Faço isso com os sentimentos, com as comidas e com as relações, com lugares não seria diferente. Mas há um, especificamente, que não é passível de classificação. Me deixa com taquicardia, borboletas no estômago e medo do escuro. Sempre sei o que vou encontrar nele, conheço a brisa de cor, nem preciso senti-la. Sei o que irei pensar, como deverei agir, faço exercícios de auto confiança, técnicas de relaxamento, nada disso funciona. Outro dia estive pensando nisso durante um bom tempo. Quando dei conta o dia havia passado, já estava na hora do banho, e eu continuei parada, olhando fixamente para o mesmo ponto do quarto. Agora chegou a hora de voltar. De viver, de chegar com histórias, de cumprir meus compromissos. Será que conseguirei? Esta relação de dependência é insolúvel! Isso só pode ser masoquismo, autoflagelo. Deve ser porque no fundo sei que lá está a eternidade, e ela assusta mais que tudo. Para uma simples mortal, essas grandezas celestiais e naturais são perigosas...
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