sexta-feira, 24 de junho de 2011

Se


Rio de Janeiro. 23°. A promessa da limpeza da alma. A lembrança de momentos felizes. Só lá se podia pensar na alegria sem propósito, isso porque em seu lugar o trabalho só servia para financiar a satisfação garantida. Ela pensava no Cristo Redentor. Tantos medos, tantas emoções. Era hipocondríaca, claustrofóbica, sentia pena do animal abandonado, acreditava no mistério divino, e se contentava com pouco; então por que agora toda essa angústia sem fim? Sua vida estava tão previsível, e isso era reconfortante. Tinha com quem se casar, fazer planos, sabia a cor do pano de prato do dia seguinte, o que faria no jantar, com quem iria se encontrar... E de repente aquela imensa vontade de caminhar pelo calçadão de Copacabana. Pensou, se tivesse dinheiro moraria ali. Se tivesse coragem, se pudesse se arriscar... se, sempre se. “ Ai ai, aiai saudade, não venha me matar”. A duvida é sempre a mesma. Por que a vida, por que tudo isso? Fechou os olhos, pensou que podia ser diferente. Talvez se mudasse de emprego, ou o corte de cabelo. Talvez se gostasse de rock. Na verdade, era pra ser tudo bem simples, era humana, passível de doenças, de alegrias, de tristezas, de dores de parto. Que tal um banho de mar? A cura de tudo está na água salgada. Bem que podia tomar um banho de sol, um banho de sal, perder a noção do tempo, se perder, de encontrar, sentir o vento no corpo todo, os pés na areia, o calor do Sol, Ah!O calor do Sol. A vida pulsa, o pulso ainda pulsa! Não adianta, e nunca vai adiantar, o sol, O cristo, a morte, o nascimento. Ela nunca conseguirá desanuviar o mundo. Ele engole. Tudo.

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