segunda-feira, 18 de abril de 2011

MÃOS DADAS_ Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Como hoje é dia do amigo, quero agradecer aos meus a atenção, o cuidado, a campanhia... Alguns não vejo faz muito tempo, outros encontro diariamente, cada um possui uma especificidade, mas têm em comum o orgulho que me fazem sentir. Tenho admiraçãopor todos eles, e não poderia ser diferente, porque me constituo através dos seus olhares, eles fazem parte de mim.

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