domingo, 24 de abril de 2011

Realmente a vida é cheia de contradições e de surpresas, mudanças de opinião. Engraçado que mesmo tendo a consciência de que para existir vida deve necessariamente existir a morte, tenho o incrível poder de me surpreender. Procuro a arché, procuro respostas e espero por milagres, mesmo sabendo que o simples fato de respirar já é uma demonstração divina. A reflexão tornou-se, depois de um tempo (confesso), o maior e mais presente exercício em toda a minha vida. E conhecendo a razão, cada vez sou mais emoção. O choro, o riso, o desespero, enchem minha vida como se eu fosse a única mortal. Sinto falta de experiências que não existiram, sinto falta de determinados abraços, de carinhos e consolos. Tento esclarecer tudo o que é possível, analiso amizades e relações que vem e vão, vejo as paixões impossíveis e as possíveis e nem tento lutar contra estas. Amo situações que remetem a uma "volta para casa", percebo mais que nunca que os pais são ouro de mina, e sinto por ter percebido tão tarde. E depois de tudo, acho que talvez eu seja a última romântica. Em essência: eu e meus devaneios.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MÃOS DADAS_ Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Como hoje é dia do amigo, quero agradecer aos meus a atenção, o cuidado, a campanhia... Alguns não vejo faz muito tempo, outros encontro diariamente, cada um possui uma especificidade, mas têm em comum o orgulho que me fazem sentir. Tenho admiraçãopor todos eles, e não poderia ser diferente, porque me constituo através dos seus olhares, eles fazem parte de mim.


"...Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho..."

Uma homenagem a todos os animais!
Todos devem ser tratados com muito respeito, eles são nossos irmãos menores. O ser humano sente-se superior aos bichos e a toda a natureza, mas se esquece de que antes de ser racional possui necessidades fisiológicas, sente dor, fome, frio, como qualquer outro ser vivo... E assim como as cobras possuem veneno como um mecanismo de defesa, temos a razão como meio de sobrevivência. Então, inteligentemente, não devemos agir como se pudéssemos sobreviver sozinhos, pois sem eles nada seríamos.

domingo, 17 de abril de 2011

Tempo de quaresma, de rever erros e acertos, tempo de abstinência... O que sinto é muita alegria, alegria pelo renascimento de Cristo, pela minha real condição de humana, dotada de fragilidade, mas ao mesmo tempo de muita força. Esta é uma das épocas do ano das quais mais gosto, a arte em pura evidência, santos de barro, símbolos, túnicas roxas, outono, Ave Maria, procissões... Tudo isso me enche de esperança, afinal, acredito em alma, acredito na bondade humana e na proteção divina. Minha avó me levava para a praça, onde aconteciam as encenações da Paixão de Cristo, me sentia tão comovida... Ao mesmo tempo me sentia acolhida, tanto pelas mãos de minha avó quanto pela afirmação de que Jesus morreu para nos salvar. A fé é a única verdade da qual posso me valer.

"Eu quero uma casa no campo..."

Sinto muita saudade de Visconde, de ver pessoas conhecidas, de tomar sorvete no jardim... Meus cachorros, meu quintal... Minas está lá, a minha infância ainda está lá. Um dia eu volto, definitivamente; enquanto isso, faço contagem regressiva para minha formatura!!! Uma angústia Heideggeriana tem tomado conta de mim!
Uma jóia o novo livro de Adélia Prado, "A duração do dia", suas poesias me tocam profundamente, em especial "Viés", é como realmente me sinto ultimamente.

"Ó lua, fragmento de terra na diáspora,
desejável deserto, lua seca.
Nunca me confessei às coisas,
tão melhor do que elas me julgava.
Hoje, por preposto de Deus escolho-te,
clarão indireto, luz que não cintila.
Quero misericórdia e por nenhum romantismo
sou movida."